“Encontrei-me com Minas Gerais através da pintura
de Carlos Bracher”. Essa é a definição de Carlos Drummond de Andrade sobre o
trabalho de Carlos Bernardo Bracher. O mineiro de Juiz de Fora, que mora em Ouro
Preto e que tem reconhecimento em todo o país e exterior.
Para o artista, gastronomia e pintura são
riquezas muito próximas, que se ligam na “espectralidade cromática
infinda”. Ele ressalta, ainda, que Minas é tradição e uma dessas
vertentes está justamente na culinária, feita de uma gente miscigenada, os
mineiros. “A culinária é um dos grandes capítulos da vida”, enfatiza o artista.
Conheça o que está no prato de Carlos Bracher.
Criança – Arroz de forno da minha mãe, aos
domingos.
Amigos – Tomo cerveja, acompanhado de um
tira-gosto imbatível: queijo gorgonzola ou grana padano.
Madrugada – Na calada da noite, às vezes vou à
cozinha. Como ontem, que convidei minha esposa Fani para conversarmos algo. Não
foi nada especial, apenas petiscos. Valeu não pelo que comemos, mas pela
companhia.
Café da manhã – Não tomo café da manhã,
infelizmente. Perco, de fato, o start do dia. Fazer o quê?
Restaurante – Quando meu amigo Sérgio Pereira da
Silva vem a Ouro Preto, vamos direto ao Restaurante Deguste. Lá nos espera um
bom chopp gelado e um frango com abobrinha. Tudo em um ambiente encantador,
cercado de belas pedras.
Todo dia – Sempre arroz. Gosto tanto do arroz que
como arroz com arroz, isto é, purinho. Feito na panela de pedra e torradinho,
prato dos deuses. E costelinha de porco, pena que a Fani não deixa mais de uma
vez por semana, é comer e sonhar.
Só amarrado – Jiló. Não sou dado a legumes em
geral, só salvo o inhame.
Tradição – O que me apetece é a comida do
dia-a-dia, que não cansa. As estripulias mágicas, as desventuras, ficam para os
dias régios.
Bebendo – Cerveja, talvez meu vício maior. Nela
encontro os prazeres (e por vezes os desastres) etílicos de minha necessidade
física. Um bom copo ao lado de amigos queridos é beirar o paraíso.
Luxo – O luxo para mim é a simplicidade das
descobertas, mas lógico que a um bom camarão ninguém consegue resistir.
Trabalhando – Quando pinto retratos, em geral,
bebo cerveja com petiscos. E pintando vagarosamente, as cores soltas na paleta,
parece que vou voar, entre sons e alucinações de uma emoção incontida. O
álcool, na medida certa, faz parte deste prodígio, quando o homem vai encontrar
um novo lado que se transparece, sobretudo, nos adventos artísticos.
Conteúdo que produzi para o Gourmet Virtual há tempos, mas que não perde seu encanto.
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