A Linguiçaria Maria José acaba de ser liberada como a primeira linguiçaria devidamente capacitada para produzir produtos suínos, como linguiça e torresmo, em Manhuaçu, Zona da Mata Mineira. A oficialização aconteceu recentemente, quando fiscais da Vigilância Sanitária atestaram que a produtora e proprietária Maria José Marcial de Almeida estava apta para trabalhar com esse tipo de fabricação.
Para a bióloga e coordenadora do setor de Vigilância Sanitária, Maria Lúcia Dutra Rocha, a fiscalização foi protelada no município até que, a partir do ano passado, o órgão assumisse o trabalho. “Em novembro desse ano o Selo de Inspeção Municipal (SIM) será instalado em Manhuaçu e ficará responsável por inspecionar a produção nas fábricas, enquanto nós continuaremos fiscalizando o produto no comércio”, completa.
Para Maria José, uma história que começou há 21 anos passa agora por uma nova fase. “As mudanças realizadas na fábrica são importantes não só para um produto ainda melhor, mas também para qualidade de vida no trabalho”. Segundo ela, a linguiçaria faz parte de sua história, pois foi com essa atividade que ajudou a constituir e criar uma família. Um exemplo que aprendeu com a sua mãe, Maria da Conceição Marcial, juntamente com a receita de sucesso de seus produtos.
Foi Dona Conceição quem acreditou na filha e fez seu primeiro tempero. “Quando veio até a mim e disse que iria fazer linguiça, tratei de fazer uma receita bem grande de tempero”. Ela conta que seu filho caçula brincou com a quantidade, mas que imediatamente respondeu que se a decisão de Maria José era fazer linguiça, então, faria muita. “E os anjos disseram amém”, completa com a voz emocionada.
Já para a empresária Inácia Marcial de Aguiar, que além de irmã de Maria José é revendedora de seus produtos, comercializar tal mercadoria é um coringa. “Temos clientes que procuram a linguiça e torresmo, mas que acabam levando os demais ingredientes para o feijão tropeiro”, exemplifica. Sobre isso, a coordenadora Maria Lúcia ressalta que durante o trabalho com a linguiçaria de Maria José, ficou nítida a forma como a população de Manhuaçu gosta e sente falta de seus produtos.
A Linguiçaria Maria José se tornou não só exemplo para aqueles que pretendem se adequar às boas práticas dos órgãos de fiscalização, mas também um exemplo de luta e trabalho feito com responsabilidade. Além do cuidado com a qualidade e saúde dos produtos artesanais, a preservação de seus processos também é de fundamental importância. Isso porque são nessas receitas que identificamos muito de nossa cultura. Uma linguiça feita da forma tradicional, sem conservantes, e curada no fogão à lenha. Isso é Minas Gerais. É a nossa cultura sendo preservada em mãos e sabores especiais.
Quem respalda esse conceito é o Secretário de Saúde de Manhuaçu, Luiz Prata, que destaca a linguiça como um alimento da culinária mineira muito difundido na região, daí a grande importância da qualidade em sua produção. O Secretário mostra que a ideia é manter o processo cultural adequando-o às normas da Vigilância Sanitária. “Na busca da melhoria de qualidade de vida, a humanidade, em sua caminhada, vem dando passos fantásticos no empoderamento de novos saberes. Assim estamos em Manhuaçu: uma busca insaciável por uma melhor qualidade de vida da população, preservando, dentro do possível, os costumes locais”, completa.
E quando perguntamos a ele sobre a sensação de liberar a primeira linguiçaria na cidade, a resposta empolga. “Muito gratificante, sem dúvida! É o primeiro passo para outras conquistas. O trabalho apenas se inicia.”
Para quem não conhece os produtos, que agora estão com ainda mais profissionalismo e qualidade, vale à pena experimentar e se entregar a essas delícias. E para quem já degustou, vale ressaltar que o gostinho caseiro continua incomparável. É a cultura de Minas saindo mais uma vez na frente. É Maria José continuando a escrever sua história como a 1ª linguiçaria autorizada em Manhuaçu.
Artigo de Mariana Marcial de Almeida, uma jornalista que, segurando a emoção, se atreveu a escrever um pedacinho da história de sua mãe.
Artigo de Mariana Marcial de Almeida, uma jornalista que, segurando a emoção, se atreveu a escrever um pedacinho da história de sua mãe.
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