Pular para o conteúdo principal

Amor al dente



Os religiosos que me perdoem, mas há algo tão onipresente e divino quanto Deus, o Amor – grafado assim, em maiúscula, de tão poderoso que é.  Ele está dentro de nós, em cada célula, em cada mitocôndria; Está em tudo que não podemos tocar, em nossas lembranças, sonhos e pensamentos; Está ao nosso redor, em cada respingo d’água; em cada objeto; em cada fagulha; em cada pedra; em cada flor. O Amor tem também benefícios milagrosos, o poder da cura, do perdão, potencial para mudar toda a humanidade, e ainda assim, é de graça e está em todas as partes. E não é difícil ter Amor em sua vida basta distribuí-lo, quando mais se dá, mais se tem em troca, não há moeda que seja tão vantajosa.

O livro na sua cabeceira dado pela sua mãe – é Amor; As fotos no mural da sua parede – são Amores; Vários e vários contatos do seu celular – são amores; Uma risada demorada – é amor; Um banho gostoso e refrescante no verão – é Amor; A primeira espreguiçada da manhã – é Amor; Uma boa música – é Amor. E antes que cheguemos ao sertanejo, que tem o mesmo mote que o meu, é preciso chegar a uma das mais bonitas materializações do Amor: Cozinhar – é Amor.

Quem quer conquistar ou manter o Amor faz jantar; Quem já tem e quer retribuir Amor faz café da manhã; Quem quer reunir Amores faz almoço, lanche, piquenique; Quem se ama se dá um docinho volta e meia; Amor de mãe faz ela pensar mais na lancheira do filho do que nas suas próprias unhas por fazer; Amor de amigas vira brigadeiro na tristeza; Amor de galera vira caldo para – junto com outros aperitivos - esquentar o frio; Amor a dois vira fondue, vira chocolate, vira vinho; Amor da vida toda vira feijão com arroz, mas sem perder o tempero.

O segredo da felicidade para mim é enxergar que cada sutileza da nossa vida é Amor, porque são justamente essas sutilezas que trazem a graça do todo. Às vezes não dá para prestar atenção nesses detalhes, porque é tudo tão corrido, porque se tem problemas, porque tem horas que passa do ponto, tem horas que fica cru e tem horas até que queima. Mas é a partir da consciência do Amor nas minúcias, que percebemos a importância de cada pitada de sal, do paladar do doce, da escolha certa do tempero, do corte do alho, da mistura da farinha, da textura do queijo, do ardido da pimenta, do toque do açúcar na língua e da presença do afeto na vida.

Da blogueira e amiga Fabíola Mattos, que escreveu esse texto especialmente para brindar os 2 anos do Feito com Pimenta. 

Comentários

Anônimo disse…
Adorei o texto. Parabéns Fabiola.
....também um poema, um artigo para um blog gostoso e picante é AMOR.
continuem escrevendo.
beijo,
Ana Maria Gazzola
Ana Lúcia Prôa disse…
Querida Fabíola, que delícia SABOREAR o seu texto, feito com tanto Amor para sua amiga... Querida, estava com saudades dos seus textos (não por vc estar escrevendo pouco, mas por eu estar com pouco tempo mesmo...). E vi o quanto vc amadureceu. Este texto é um primor! Li com um sorriso nos lábios do começo ao fim. Concordei com todas as formas de Amor que vc citou.. Estou SACIADA!!!

Mariana, parabéns pelo seu blog e pela amiga tão especial que vc tem...

Beijos nas duas!
JPassaro disse…
Parabéns pelos 2 anos de blog e, claro, parabéns à todos nós por termos uma amizade tão leal e bonita como é esta com Fabíola!

Postagens mais visitadas deste blog

Assa peixe em Sabará

No final de novembro do ano passado estive em Sabará, bem pertinho da capital mineira, para participar do 27º Festival da Jabuticaba. Na época estava em uma correria e acabei não falando uma linha sobre o assunto aqui no blog. E agora vasculhando alguns arquivos achei um material bacana, receitas e dicas que vale contar para vocês. Além de servir de inspiração para participar do próximo festival, a cidade merece ser visitada sempre, pois os produtores artesanais, restaurantes e cozinheiros estão preparados para receber o ano todo. Para começar, preciso contar a minha maior surpresa por lá, o assa peixe frito. É feito pelo cozinheiro Manoel Ferreira, que trabalha no restaurante do Parque Quinta dos Cristais . Ele conta que aprendeu a cozinhar com a mãe, que o ensinou não só o ofício, mas também o prazer em degustar e identificar os sabores presentes em cada garfada. Para quem não conhece (assim como eu não conhecia), o assa peixe é uma urtiga, muito usada como planta medici

Lenda do bacuri

Outra lenda interessante é sobre a origem do bacuri. Dizem que, certo dia, na floresta, apareceu a cabeça de um índio caxinauá, que havia sido degolado por um de seus companheiros. A cabeça aterrorizava a tribo com exigências que deveriam ser cumpridas para evitar que não lhes fosse tirada a vida. Todos deviam buscar, na floresta, um fruto amarelo escuro e manchado, com casca dura e uma polpa deliciosa, vindo de uma árvore cheia de flores avermelhadas. Os índios obedeceram às ordens por muito tempo até que um dia alguém resolveu experimentar o fruto, sendo seguido por todos os outros índios. A cabeça ficou muito brava e se transformou na Lua. Depois disso, sempre que comiam a fruta, davam as costas para Lua.

Olhos de guaraná

Muitas frutas típicas do Brasil foram descobertas pelas mãos dos índios, o que explica as lendas contadas sobre a origem de algumas. O guaraná , por exemplo, é campeão de histórias que explicam sua existência. Em uma dessas, conta-se que havia um casal de índios na selva, que sonhavam em ter um filho. Até que Tupã , o deus dos deuses, concedeu a eles um filho perfeito. O menino era esperto e inteligente, sabido de todas as coisas. Contudo, para protegê-lo, os pais não lhe contaram sobre o segredo de Jurupari , um espírito do mal, que podia se transformar em qualquer coisa. Atiçado pela bondade do menino, Jurupari resolveu tirar-lhe a vida. O espírito do mal se transformou em serpente e, como todas as criaturas da mata eram afeiçoadas ao menino, ele não se intimidou diante do animal, que acabou por picá-lo. Ao encontrarem o menino viram que ele estava morto, com os olhos virados para trás. A floresta se abateu com tanta tristeza e, no meio do desespero, ouviu-se um trovão d