Quando larguei toda uma vida profissional para ir para cozinha, fui alvo de muitas críticas. Muitos achavam que eu estava sendo louco e que não deveria transformar meu hobby em carreira. Já outros me apoiavam e diziam que eu deveria correr atrás do meu sonho.
Quase dois anos se passaram e até hoje, muitos conhecidos me perguntam se valeu a pena ou se eu me arrependo. Não me arrependo e acredito que já valeu e ainda vai valer muito a pena.
Trabalhar com gastronomia é uma atividade extremamente gratificante. Sabe por quê? Trabalhamos para fazer as pessoas felizes! È muito lindo ver a reação de um cliente quando um prato nosso chega à sua mesa, os olhos brilham, ele comenta com o seu companheiro ao lado: “Nossa, deve estar uma delícia!” e a reação da pessoa quando dá a primeira garfada no prato? Sem comentários. É muito bom!
As pessoas vão ao restaurante, para celebrar uma data especial, para conquistar, às vezes para impressionar, ninguém (na maioria das vezes) está ali obrigado e, isto, torna o nosso serviço muito mais fácil e prazeroso. Queremos servir uma comida que seja digna daquele momento!
Claro que nossa vida, também é “feita com pimenta” e às vezes, daquelas bem ardidas! Uma sexta feira quando a casa está lotada de reservas e todos na cozinha ficam tensos, um cliente que chega quando estamos com a cozinha quase fechada, um compromisso que não podemos comparecer porque trabalhamos até tarde...
Cozinhar é quase uma alquimia, é saber transformar e valorizar uma simples batata que um dia alguém plantou em uma roça bem distante, sem pretensão alguma, e fazer dela uma batata rosti, dauphinoise, ou até mesmo uma simples batata assada para agradar aos mais diversos paladares. E, em volta desta batata, é criado um momento de celebração, descontração e de pura felicidade, seja em um restaurante ou em um almoço de domingo com a família.
Do cozinheiro, blogueiro e amigo Felipe Tavares, que escreveu esse texto especialmente para brindar os 2 anos do Feito com Pimenta.
Comentários