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Garagem Gastrobar e uma reflexão

Porquinho, couve e canastra

Ir ao Garagem Gastrobar é sempre uma delícia, mas essa última visita foi algo surpreendente. No caminho já estávamos pensando no que íamos comer: os tradicionais e deliciosos petiscos da casa. Quando chegamos lá nos deparamos com um cardápio cheio de novidades, pratos de fazer salivar e tivemos que dividir o direito de escolha (eu e marido), pois cada um queria pedir umas cinco opções diferentes.

Começamos pelo Taco de porco com abacate, coentro e milho torrado. Eu queria apenas viver disso, gente! Não dá vontade de parar de comer de tão simples e incrível. O segundo pedido foi Barriga de porco cozida lentamente, couve crua e queijo canastra. Aí foi o marido quem morreu de amores. Para finalizar, pedimos Língua, jiló ligeiramente defumado, picles de cebola e baru. Mais uma vez nos deliciamos tanto que a vontade era raspar o prato com um pãozinho (#ficaadica, chef!). Tínhamos muitos outros pedidos em mente, mas já estávamos satisfeitos e resolvemos deixar para a próxima.

Foi uma noite de sabores tão maravilhosos que me fez pensar em algumas críticas que tenho visto, inclusive uma em relação ao Garagem. Ouço muita gente dizer que Juiz de Fora não tem nada de bom, não tem novidade, não se compara a outros lugares e por aí vai. Pera lá! Acho que a cidade tem tanta coisa de qualidade. Alguns exemplos:
  • Tem o Garagem com uma cozinha super bacana e que se reinventa a cada dia;
  • Tem o Timboo com um serviço exemplar de cervejas especiais;
  • Tem a Sorveteria Bom Clima com um sorvete sensacional de quindim;
  • Tem a feira de produtores rurais da região (Agrofar) com o melhor fubá da roça e verduras e ervas não convencionais (outra dia tinha até jambu);
  • Tem a Basílico Massas com molhos e massas artesanais práticos e bem feitos;
  • Tem o mercadinho Bom Preço que traz frango caipira fresquinho;
  • Tem o Angicárius com o cultivo de cogumelos orgânicos;
  • Tem a Dona Solange que faz uma coalhada artesanal muito boa;
  • Tem a padaria da esquina que prepara um bolo caseiro daqueles simples, mas com uma caldinha de goiabada linda de viver.
Enfim, tem muita coisa boa e poderia ter ainda mais se as pessoas valorizassem e reconhecessem a importância do produto da cidade. Esse ciclo de inovação/qualidade/cultura/preço justo/satisfação do cliente só funciona se todas as partes estão comprometidas. Não adianta ter muita gente fazendo um ótimo trabalho se não tem pessoas para desfrutar.

Fiquei fora de Juiz de Fora por cinco anos e, quando retornei, fiquei surpreendida com a evolução da gastronomia na cidade. Achei que ia sentir falta de lugares bons e me enganei. Aqui tem muito potencial para ser explorado, ou melhor, degustado. Basta apenas que as pessoas se proponham a isso. Garanto que a conta vai ficar mais barata do que procurar por opções de fora ou, até mesmo, algumas da cidade que estão cobrando um horror por filé com fritas.

Comentários

Unknown disse…
Olá! Me chamo André e sou sócio proprietário da Angicárius Cogumelos. Gostaria de compartilhar a nossa satisfação pelo reconhecimento dos nossos clientes!! Sempre acreditamos no potencial gastronômico da nossa querida Juiz de Fora e temos nos empenhado ao máximo para podermos proporcionar experiências incríveis com nossos cogumelos realmente frescos e livres de agrotóxicos!! Acreditamos que idéias simples, porém, idealizadas com muito amor e profissionalismo, são ferramentas de fomentação econômica e social!! O nosso muito obrigado!!
Equipe Angicárius.

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Assa peixe em Sabará

No final de novembro do ano passado estive em Sabará, bem pertinho da capital mineira, para participar do 27º Festival da Jabuticaba. Na época estava em uma correria e acabei não falando uma linha sobre o assunto aqui no blog. E agora vasculhando alguns arquivos achei um material bacana, receitas e dicas que vale contar para vocês. Além de servir de inspiração para participar do próximo festival, a cidade merece ser visitada sempre, pois os produtores artesanais, restaurantes e cozinheiros estão preparados para receber o ano todo. Para começar, preciso contar a minha maior surpresa por lá, o assa peixe frito. É feito pelo cozinheiro Manoel Ferreira, que trabalha no restaurante do Parque Quinta dos Cristais . Ele conta que aprendeu a cozinhar com a mãe, que o ensinou não só o ofício, mas também o prazer em degustar e identificar os sabores presentes em cada garfada. Para quem não conhece (assim como eu não conhecia), o assa peixe é uma urtiga, muito usada como planta medici

Lenda do bacuri

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