Pular para o conteúdo principal

Começo ou fim?


Em pleno Madrid Fusión, Ferran Adriá anuncia o fechamento do seu restaurante El Bulli, eleito por quatro anos seguidos como o melhor do mundo. Essa informação já era especulada por muitos, mas a confirmação oficial só veio agora.
O lugar ficará fechado durante dois anos, sendo 2012 e 2013. Isso porque Adriá pretende transformar o lugar em laboratório para estudo da alta cozinha. Segundo o chef, em 2012 o El Bulli completará cinqüenta anos, uma marca que exige inovações.
Sinceramente, acho que toda pesquisa e estudo são bem-vindos, pois traz conhecimento, seja ele qual for. Contudo, tenho um pouco de medo do que Adriá vai descobrir. Acho sim, que a gastronomia deve sempre estar em transformação e, o que é mais importante, inovação. Mas também acho que a gastronomia tem seus princípios e que deve ser respeitado o seu conceito.
Recentemente, em entrevista à revista Veja, Rogério Fasano, um importante nome da gastronomia brasileira, disse o seguinte: “Cozinha tem fronteiras, sim. Espaguete italiano com molho asiático? Estou fora”. A entrevista repercutiu por várias declarações, contudo, essa foi a que mais me chamou a atenção.
Gosto de novidade e tudo mais. Acho que as espumas e esferas têm seu lugar na história da gastronomia. Agora, imaginem o Adriá por conta de sua cozinha futurista durante dois anos. Acho que teremos coisas impressionantes, mas temo. Assim como Fasano, sou um pouco resistente a espaguete italiano com molho asiático. E mais ainda a espuma de não sei o quê com esfera de sei lá o quê. Muito ardido?

Comentários

Flávia disse…
Ótimo post Mari, aliás ótimo blog! Parabéns minha grande amiga mega expert em jornalismo gastronômico! Beijos!!
Sou ainda mais radical: não consigo entender como alguém - aqui em Florianópolis é comum - consegue colocar ketchup e maionese em pizza. Quer inovar? Invente novos pratos. Mexer em pratos tradicionais para mim é heresia. Ou, parafraseando Fasano: pizza com ketchup e maionese? Tô fora!
Renata Almeida disse…
oi tchuca!
nem acho seu comentário muito ardido não.
tem pessoas q parecem querer inovar tanto q esquecem do conceito básico daquilo q fazem. Já ouvi falar do Adriá várias vezes, imagino q muito do q ele faz seja realmente magnífico, mas acho q às vezes ele delira...

no mais, não estou bêbada, mas estou com saudades... rs

bjoss
Onde foi parar comentário que eu fiz há uma semana?
Anônimo disse…
eu tambem gosto,da comida mais tradicional como deve ser feita,acho muitas cosias que ele faz impressionantes ,mais ficou com a velha escola.

Postagens mais visitadas deste blog

Assa peixe em Sabará

No final de novembro do ano passado estive em Sabará, bem pertinho da capital mineira, para participar do 27º Festival da Jabuticaba. Na época estava em uma correria e acabei não falando uma linha sobre o assunto aqui no blog. E agora vasculhando alguns arquivos achei um material bacana, receitas e dicas que vale contar para vocês. Além de servir de inspiração para participar do próximo festival, a cidade merece ser visitada sempre, pois os produtores artesanais, restaurantes e cozinheiros estão preparados para receber o ano todo. Para começar, preciso contar a minha maior surpresa por lá, o assa peixe frito. É feito pelo cozinheiro Manoel Ferreira, que trabalha no restaurante do Parque Quinta dos Cristais . Ele conta que aprendeu a cozinhar com a mãe, que o ensinou não só o ofício, mas também o prazer em degustar e identificar os sabores presentes em cada garfada. Para quem não conhece (assim como eu não conhecia), o assa peixe é uma urtiga, muito usada como planta medici

Lenda do bacuri

Outra lenda interessante é sobre a origem do bacuri. Dizem que, certo dia, na floresta, apareceu a cabeça de um índio caxinauá, que havia sido degolado por um de seus companheiros. A cabeça aterrorizava a tribo com exigências que deveriam ser cumpridas para evitar que não lhes fosse tirada a vida. Todos deviam buscar, na floresta, um fruto amarelo escuro e manchado, com casca dura e uma polpa deliciosa, vindo de uma árvore cheia de flores avermelhadas. Os índios obedeceram às ordens por muito tempo até que um dia alguém resolveu experimentar o fruto, sendo seguido por todos os outros índios. A cabeça ficou muito brava e se transformou na Lua. Depois disso, sempre que comiam a fruta, davam as costas para Lua.

Olhos de guaraná

Muitas frutas típicas do Brasil foram descobertas pelas mãos dos índios, o que explica as lendas contadas sobre a origem de algumas. O guaraná , por exemplo, é campeão de histórias que explicam sua existência. Em uma dessas, conta-se que havia um casal de índios na selva, que sonhavam em ter um filho. Até que Tupã , o deus dos deuses, concedeu a eles um filho perfeito. O menino era esperto e inteligente, sabido de todas as coisas. Contudo, para protegê-lo, os pais não lhe contaram sobre o segredo de Jurupari , um espírito do mal, que podia se transformar em qualquer coisa. Atiçado pela bondade do menino, Jurupari resolveu tirar-lhe a vida. O espírito do mal se transformou em serpente e, como todas as criaturas da mata eram afeiçoadas ao menino, ele não se intimidou diante do animal, que acabou por picá-lo. Ao encontrarem o menino viram que ele estava morto, com os olhos virados para trás. A floresta se abateu com tanta tristeza e, no meio do desespero, ouviu-se um trovão d