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A cozinha da vovó - parte 06 (A famosa pizza)

A famosa pizza
Preciso muito falar da pizza de vovó. Na verdade, se fosse contar cada tarde que passamos preparando os vários tabuleiros de pizza esse registro seria puro orégano. Essa receita é muito importante em nossa história juntas, é emoção.
Dia de pizza na casa dela sempre foi uma festa, mas com hora marcada para começar. Assim, quando chegávamos os tabuleiros já estavam saindo quentinhos do forno. Até que comecei a me interessar pelo preparo e as primeiras tarefas eram finalizar com tomate e orégano. Um pouco mais de experiência e já ajudava a picar os ingredientes, distribuir o queijo e regar com azeite – sem esquecer as bordas, ordem enfática de vovó. Nesse passo, já estava acompanhando quase todo o processo, mas faltava o principal. “Dessa vez vou te ensinar a fazer a massa”, bastou ela pronunciar essas palavras para meus olhinhos atentos se voltarem para o movimento orquestrado de vovó. Nem preciso dizer que ela fazia sem medida alguma, mas acho que o mais importante naquele momento não eram as xícaras e colheradas, mas sim a essência. 
Daí em diante, viramos parceiras de muitas rodadas de pizza em sua varanda. Além de ser sinônimo de alegria e casa cheia, também se tornou meu orgulho, já que sou a única que acompanhou vovó nessa receita. Pizza virou uma paixão pessoal e com alto nível de exigência. Tornou-se também inspiração para vencer dois concursos de pizzas. E, o mais importante, se consagrou como nosso principal elo de cozinha. Posso estar longe, preparando um único tabuleiro, que sinto vovó bem pertinho repetindo todos os passos para não me deixar errar. 
Reza a lenda que de tão apegada a essa receita não a conto para ninguém. Em minha defesa, já compartilhei com outras pessoas antes e repito agora. Contudo, peço que a prepare com esse sentimento de amor que vovó me ensinou. Não faça uma simples pizza, mas uma comida que alimenta a alma. Encha o coração de euforia, trate de despertar aquele brilho no olhar e receba esse presente, que ela me deu no auge dos meus doze anos de idade. 

Ingredientes
50 gramas de fermento biológico fresco
1 colher de sopa rasa de açúcar
1 colher de sopa rasa de sal
3 ovos
½ xícara de chá de óleo
1 ½ xícara de chá de leite
Farinha de trigo até o ponto (cerca de 4 xícaras)

Modo de preparo
Dissolver o fermento com o sal e açúcar até ficar líquido. Acrescentar os ovos e dar uma batinha. Adicionar o óleo e o leite, em temperatura ambiente, e misturar novamente. Adicionar farinha de trigo, mexendo até dar um ponto mole e grudento (um pouco mais consistente que massa de bolo). Deixar descansar por 30 minutos. Untar e enfarinhar os tabuleiros. Colocar a massa, espalhando com a ajuda de uma colher, até cobrir todo o tabuleiro. A espessura da massa pode variar de acordo com o gosto de cada um. Levar para pre-assar no forno e depois colocar a cobertura que desejar. Levar ao forno novamente até dourar o fundo da massa e derreter aquele tantão de queijo que você vai colocar.


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