O sabor da simplicidade
Comida de avó é um exemplo perfeito de como as coisas simples podem ser as mais especiais. Com o tempo, aprendi a admirar esses momentos. Entendi que a grandiosidade está naquilo que nos faz bem, que enche o coração de sentimento, mesmo que, às vezes, nem seja possível definir o que se sente. É algo único, que traz sentido pra vida da gente e mostra aquilo que queremos ser.
Eu, por exemplo, tenho enorme satisfação em passar uma tarde inteira na cozinha, ouvindo música e com uma taça de vinho ao lado do fogão. Outra coisa que me deixa eufórica é ir para casa dos meus pais já imaginando cada comidinha que irei degustar. Nessas horas, o que importa é deliciar, sem presa, cada garfada. É deixar a prosa estender-se até a madruga, mesmo que o cansaço ordene o contrário. E acordar bem cedo no dia seguinte com receio de perder o pouco tempo que temos em cada visita.
A comida da minha avó é assim, de sabores simples, mas incríveis. O ovo caipira frito logo cedo para o café da manhã é tradição. O biscoito de polvilho nunca tem quantidade suficiente. Os guisadinhos de legumes só precisam de angu e pimenta para completar. A carne com molho não tem explicação, literalmente. Não consigo explicar qual carne, tempero e ingredientes fazem essa composição.
São comidas singelas, feitas com o que se tem em casa, mas que transmitem um amor sem igual. Costumo dizer que alimentam não só a nossa fome, mas também a alma. É uma mistura de prazer no paladar e afago no coração. São momentos de pura contemplação, que mostram a perfeição das coisas simples e extraordinárias da vida.
Eu queria ter na vida simplesmente
Um lugar de mato verde
Pra plantar e pra colher
Ter uma casinha branca de varanda
Um quintal e uma janela
Para ver o sol nascer
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